domingo, fevereiro 05, 2006

O Real de um sonho

Foge já o damasco sol oblíquo, alertando as massas em estado patológico colectivo que se acerca o final de outro dia de sôfrego correr para o nada, quando encontro o teu corpo aninhado num banco usado já por tantos e julgo ver no teu cabelo escondido a tua inocente vergonha... dessa tua banal figura tudo me toca.
Aceito o desafio do teu plácido estar e fico. Zelo pelo teu intermitente sono revisitando Heracles a cada aconchego de minhas pequenas e trémulas mãos. Tuas linhas são fios de Ariadne para meus olhos e o exalar de conforto que teu corpo pausadamente emana aquece a minha fraca carne e entorpece-me a mente. Largo repousado um leve ósculo em tua frente e deixo-me embalar também ao encontro do cansaço. Ligo o sonho real ao real de um sonho e sigo contigo até que o audaz e fraco sol destes dias de Inverno me traga de volta para à doce paz de teu sono.