segunda-feira, setembro 27, 2010

À ribeira do Porto

Junto ao rio há um cais e junto a esse cais está um cão de pelo curto e crespo que juntamente com um assador de castanhas fazem companhia a uma mulher.
O seu cabelo cor de palha e raiz negra parece fazer conjunto propositado com o seu avental onde um enorme Galo de Barcelos faz questão de relembrar que estamos em Portugal.
Os olhos escuros e vagos são disfarçados por um sorriso comercial que faz pensar que cada transiunte é um amigo seu. Agita o assador, acrescenta sal, abana o carvão sempre sem olhar não fosse no intante de distração da manada de potenciais perder um cliente.
Não se cruzam olhares... talvez ainda não haja frio suficiente... e o vento não ajuda agora que empurra o doce cheiro de castanha a assar em direcção ao rio no sentido contrário à multidão. Suspira.
Dois clientes enfim mas logo turistas, talvez seja dificil, penso... não, nunca pois a necessidade serve-se da linguagem internacional dos gestos e não das palavras em anglo-saxonico mal mastigado.
Despedem-se cortezes e felizes... o que não faz uma simples assadora de castanhas a dois nordicos de férias certamente cisudos nos seus dia-a-dia.
O sol ressalta já obliquo nas águas do rio... tenho de ir. Caminho um pouco e olho para trás como se me despedisse da minha companhia em terno anonimato e vejo então um grupo de pessoas que agora a rodeia e percebo que será longa a noite naquele mesmo sítio onde sempre se manteve imóvel, junto do assador de castanhas, fazendo companhia ao cão de pelo curto e crespo, naquele cais junto ao rio.

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Bom regresso!

quinta-feira, 07 outubro, 2010  

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