quinta-feira, fevereiro 09, 2006

madrID


Olhados de cima por clássicas flores de gesso, agitam-se autistas ursos bípedes na espertina da manhã em direcção a medronheiros envidraçados que, de tão azedas cores terem, fizeram esquecer na boca o doce que podem ser. As raízes das gentes, cortadas pela eléctrica toupeira de metal, fazem com que tudo neste lugar me seja estranhamente familiar como se outra vida minha se imiscuísse coloidal nos dias.
Sedentos, meus olhos buscam as pedras da calçada que contumazes não florescem deste chão cinzento enquanto as vogais fechadas que não se ouvem em bocas alheias esperam que “saudade” se reduza ao estatuto de simples palavra. Aqui ainda não sou eu, mas serei! Num futuro com sabor a sumo de tomate com pimenta e banhado de Manzanares…