sexta-feira, fevereiro 10, 2006

Conheço-te

Cravas no chão o cigarro e o olhar em mim. Lemos o que dista de nossos corpos com a telemetria da mente mas afastas-te para trás do escudo de palavras que habilmente teces na tua defensiva fuga. O que dizes é para mim uma língua estranha mas sorrio pois teus olhos fogem ao encontro com os meus e teu corpo mente nas mãos irrequietas.
Confino a minha mão fechada a teu rosto e deixo descansar nela teu queixo enquanto me deleito na rigidez metálica a que minha proximidade condenou teu imóvel pescoço. Demites-te dos verbos e segues-me de soslaio, expectante e atenta, enquanto passo lentamente por tuas têmporas e sussurro ao teu ouvido: “conheço-te…”. Volto a encarar-te mas agora sou eu quem se afasta a passos dissimuladamente largos. Laço, por um espelho, um olhar à tua ainda estática figura mas estás outra vez longe demais.
Levo-te em minha mente e sei que também ficarei em tua porque te conheço…