quarta-feira, abril 12, 2006

A dor de saber

Para lá das portas de minha alma escrevi em etéreos pedaços de nada o teu nome a ferro e fogo para que não esquecesse jamais de me lembrar… para não te repetir. Gastei neles uma parte de mim, aquela que libertei, e carreguei no meu latim todas aquelas palavras que dizes não terem sido para ti mais que redundantes e ininteligíveis delírios meus. Negas-me perante ti e deixo, mas não esqueço e não descanso desta gasta desilusão!
Guardo na dor da pele ferida por este auto-flagelado fogo que juro sentir frio, a memória de como te senti um dia estóico pilar de algo alvo e maior, leveza de um outro dia de vítreo sol, perene embriaguez das nossas ondas… mas terás mudado ou ter-te-ei visto pela primeira vez?!
Sei que agora em todas as manhãs substituis as tuas fátuas máscaras na real ilusão daquele vidro espelhado à saída de casa. Sei que as sentes gastas de ti, mas ainda assim fraquejas na negação dessa inércia morna que te habita e deixas-te exaurir da fraca vitalidade que decerto ainda tens no teu jovem sangue. Sei que por isso te imiscuis rápida no trânsito dos passeios como se tentasses por osmose apoderar-te da energia dos outros mas sentes-te só e diferente… e és agora apenas uma mais!
Mas quando um dia descobrirem que és um logro? Que não és quem julgam seres e não pertences a lugar algum? Que não és nem sol nem neve, nem serra nem mar; que és tão somente brisa carregada e leve, sem norte ou sul, ora seca ora húmida? Que em ti anoitecem todas as chamas negras do teu lento definhar? Não sei que será de ti mas sei que não és como te vi...

2 Comments:

Blogger (in)confessada said...

"Não sei que será de ti mas sei que não és como te vi..."

pois...

terça-feira, 18 abril, 2006  
Blogger lady_lena said...

Gostei muito do teu cantinho!
A mesma frase que a (in)confessada salienta, foi a que mais me tocou, porque é uma verdade tão verdade que dói...

bjs

quarta-feira, 03 maio, 2006  

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