quinta-feira, fevereiro 23, 2006

Silêncios Binários

Minha mão deixara já o displicente indicador percorrer tantos outros sensaborões caminhos quando meus olhos te distinguiram em relevo das pequenas flores castanhas que compunham em padrão o papel de parede que te rodeava. Esculpi tua alma em minha mente nas cores e formas dos silêncios binários que havias deixado estampados sobre a forma de ecos reflexivos e ávido consumi-os ao ritmo feroz de uma sofreguidão voraz que julgava não ter.
Seguiam-se os dias e pautava-se o passar das horas daquele, não pela escuridão que fazia fora, mas pelo morno embalar do pêndulo do alto relógio da sala quando, com os mesmos silêncios binários (estes meus), me dirijo a ti. Ainda hoje não sei se te pesa a âncora no ontem fazendo com que as noites caiam lúgubres e lentas como se fartas estivessem de o fazer todos os dias ou se foi isso apenas uma projecção minha no que julgava seres tu. Essa certeza também não tem que ser o lastro da minha descoberta, pelo que seguirei a ler o mapa que os teus silêncios binários traçarem de ti... há verdade em que são eles que “nos concedem a ilusão da eternidade”.
Obrigado a ti que sabes quem és!