segunda-feira, novembro 06, 2006

Átomos...

Fazendo jus a uma outra teoria do caos dividira-se um átomo sem libertar energia para, ao invés, a multiplicar centripetamente em cada uma das suas duas partes. Cada uma delas deixara-se depois atrair por diferentes massas gravíticas ganhando então uma consciência que borrara a memória de um dia terem sido um mesmo corpo. Julgavam então dirigir-se a algum lado num movimento não uniformemente acelerado, já que ocasionalmente era impulsionado ou travado por grandes conservações de momentos lineares de outros que, como eles, vagueavam vendo apenas um único vector.
Moldados por osmoses ininterruptas, encontraram-se já mais tarde despojados de si próprios, mas quiseram pois mudar esta inércia tentando erigir a custo arcos de voltas perfeitas nas suas almas para suster os seus corpos. Pararam e olharam em redor...
Era frio o dia e estranha a luz que morrendo jorrava sobre todos os outros. Cansaram-se. Seria em uníssono, Outono e Inverno no tempo de um Deus menor para que tudo se arrastasse naquela amordaçada solidão de passos e olhares cheios daquele vazio? Indissimuladamente fétido, via-se nítido na tez cor-de-gelo dos vultos de sobretudos escuros, mas se assim fosse, quando ruiriam então as suas cascas, as suas caras para o mundo?!... Ou seria que por não serem eles há tanto tempo se haviam já tornado naquilo que haviam construído para os outros? Seriam já outro alguém com o mesmo nome que de fugir às tormentas do lado de cá da pele, bolinavam agora pelos factos ao gosto do inútil?! Será que ainda eram eles mesmos ou já se haviam perdido para o vazio de eles mesmos?! E no final, isso importaria visto que não mais eram que átomos?!…