sábado, junho 03, 2006

A espera

Naufragam teus olhos em coisa nenhuma
Densos que estão das âncoras no ontem
Pois nas ruínas dos portos de teu peito
Já não atracam as palavras que esperas
Porque ainda esperas…
Fustigam as ondas negras da noite em ti
A carne que nesse teu corpo se fez pequena
Por já quase não ter alma para conter
De tanto se esvair em sal e água
E ainda esperas…
Agora até a suave maresia corta a tua fina pele
Com os pregos desse barco que à deriva implodiu
Mas na dor não parecem ser maiores a essa farpa
Que cravada apodreceu à esquerda de teu peito
Mas ainda esperas…