sábado, março 24, 2007

Amor

Detrás das brumas fustiga um sol que se espreguiça nestas encostas a sul, e enquanto não chegas volto-me para vestir perdido o azul que me esgota a vista. São meus braços asas brancas, líquido o meu peito na imensidão da vontade de te rever e o tempo escorre por mim em segundos ou dias… não sei… Iludo-me ao ver-te em todos os que passam e só assim, por não mais que um instante, ganham eles côr até voltarem pela desilusão a ser o cinzento baço do cenário da rua.
Vejo-te ao longe e julgo-te ilusão como tantas outras que criei, mas és demasiada côr e não te esbates. O vento que trazes nas costas arqueia-te o peito em proa como as muitas ancestrais que antes de nós aqui chegaram, e só a tua delicada mão impede o teu cabelo de te ultrapassar na vontade de chegar primeiro. Extingues o teu olhar vão no beijo que com ele me lanças desde longe e flutuas acelerada pelas ondas que se erguem sob teus pés…
Chegas finalmente a mim, tu que nunca partiste!!!