terça-feira, outubro 09, 2007

Photo by: Diogo Franco


segunda-feira, outubro 08, 2007

Apenas um borrão

Aperto a caneta contra o papel e vejo na tinta líquida a frustração, a tristeza, a solidão e ao mesmo tempo o carinho, a paz. Conspurca-se a folha com um ponto, o primeiro de tudo o que tenho para te dizer enquanto, mais velozes que a minha inteligibilidade, discorrem todas as minhas tormentas. O ponto é agora maior, como se a folha me tentasse sugar pela ponta da caneta as palavras que se juntam e sucedem interirormente em frases e ideias, mas não cedo. Enquanto olho o ponto aumentar, não sei já se quero escrever e o medo começa a apoderar-se de mim. O ponto é agora um pequeno borrão que alastra lenta mas incessantemente tingindo já uma grande zona da folha que me parece cada vez mais pequena e ao mesmo tempo começo a perder-me nas ideias erráticas e contraditórias...
Estou perdido e confuso na velha prisão da minha mente e enquanto o grande borrão contagia as folhas que lhe subjazem vejo-o cavalgar para as margens como se tentasse conquistar o mundo para o tingir de azul escuro.
Agora já não há mais tinta para te escrever, e olhando para o grande borrão no papel vejo tudo o que há em mim. Deixei no borrão tudo o q tinha dentro e acho que com ele te disse tudo o que tinha para dizer. Mas ainda que haja muitas páginas para escrever, em todas elas os resquícios do borrão que deixei hoje crescer pela mão da minha minha mente, ficarão marcados até que o papel se esqueça...