quinta-feira, novembro 11, 2010

O Senhor do Adeus

Está fria a noite em Lisboa e em todos nós os que habituados estávamos a ser aquecidos por um adeus...
Passo pelo Restelo e não deixo de olhar a calçada na esperança de poder ver aquela alva figura que tanto destoava naquelas noites cheias de mulheres de pouca roupa. Ninguém me acena.
Subo ao Saldanha onde passam sem parar outras mulheres, mais vestidas, quiçá para contrastar com a rua, onde procuro encontrar esse aceno. Em vão.
A noite prossegue talvez como qualquer outra para tantos, mas para os que como eu ainda não conseguem dizer adeus a quem adeus dizia, a noite neste sítio parece agora estranha e áspera como se de um filme interminavelmente mau se tratasse… um daqueles que certamente o próprio odiaria apesar do amor sabido deste pela 7ª arte.
Queria deixar apenas para ser lido que em mim o gesto nunca foi loucura no vazio, que essa mão me dizia sempre para acreditar que ainda não estamos todos perdidos e que esse adeus foi sempre mais verdade que tantos outros feitos até por mim durante toda uma vida.
Sei que decerto nunca o quisera mas fica agora em todos os que como eu o amavam anonimamente, a solidão de que tanto fugia com acenos o Senhor do Adeus.

Até sempre