terça-feira, julho 25, 2006

In memoriam


Choram-te minhas mãos nestas palavras enquanto lá fora um novo dia nasce, outro dos muitos que jamais verás. Tinha tanto tempo que ainda queria fazer nosso, tinha tantos abraços para te envolver, tinha tantos olhares para trocar por sorrisos teus, e agora que parou o tempo para ti, que posso eu fazer com tudo o que resta de ti em mim e que inacabado ainda te reclama?
Ainda não acredito que me tenhas feito isto, ainda não acredito que estejas frio, ainda não acredito que tenhas caído por tuas próprias mãos… não consigo… não entendo… e não te posso perdoar!!!
Se soubesses como queima esta dor com que me rasgaste o peito e como são lixa azeda em minha alma as lágrimas com que te choro por já não me restar mais tempo contigo. E onde é que te falhei, onde é que não fui o bastante?
Porque é que me fizeste isto? Porque é que me deixaste assim?... Não tinhas o direito de me ter feito isto, não tinhas o direito de escolher isto, não tinhas o direito de não me deixares tentar ajudar-te. Eu que sempre estive aqui, eu que nunca deixei de te amar, que sempre te vi como um irmão, que nunca te neguei nada… só queria viver-te mais um pouco, dizer-te algumas coisas… que faço agora com tudo isso?! Que farei quando não estiveres a sorrir de soslaio como era teu hábito nas minhas vitórias?
Não acredito que acabou o teu tempo e não te perdoo esta tua egoísta escolha que largou deixado em mim o véu da culpa de não te ter entendido, de talvez ter feito algo que te conduziu a isto ou pior, de podendo não ter feito algo….
Estou confuso mas tenho uma certeza: não podias escolher deixar-me, não podias! Não te posso perdoar porque ainda te amo meu irmão e desculpa não to ter dito em vida!

domingo, julho 16, 2006

Primavera

Havia mil e uma palavras e mil e uma frases que nunca te cheguei a entregar porque não podia. Fazias pulsar o meu corpo com esse teu sorriso morno e da minha boca saiam incontroladas as palavras que me enfeitiçaste a dizer. Tudo em ti sabia a novo mas com o travo dos sabores antigos do prazer, e não te conhecendo parecia já te conhecer… ainda assim nada te disse porque não podia!
Dissimuladamente fizeste das tuas verdades as minhas e comprazi-me ao entender que afinal eu já não era só meu, que o meu tempo fazia sentido na sincronia do teu e que o meu corpo já só respondia a ti…
Agora sou tudo o que mudaste em mim, tudo o que marcaste em mim, tudo o que deixaste em mim e na loucura que é sentir-te minha já perdi a noção de quem sou mas sei que sou feliz. E talvez seja isso, talvez eu já não seja eu porque me mataste para como Fénix me fazeres renascer das minhas cinzas, talvez seja outro ser, um que não havia ainda conhecido e que vou sentindo agora pelas tuas doces mãos para me fazeres real como nunca fui. Talvez até hoje fosse mera folha de Outono caindo perene ao sabor de brisas sem norte… é por isso que te digo, agora que posso, algumas das mil e uma palavras e frases que nunca te cheguei a entregar. Guarda estas nas voltas dos teus sorrisos, no ajeitar do teu cabelo quando este te esconder os olhos pelo vento e sempre que te sentires em paz: “Obrigado minha Primavera”.